A proposta do governo de alterar o Código do Trabalho na chamada Agenda do Trabalho Digno retirou a compensação parcial do pagamento de horas extraordinárias, mas os ex-empreiteiros Bloco de Esquerda e PCP aceitaram a ideia. Reavaliando as horas extras no nível pré-treinotroika ele faz parte de uma série de 17 projetos de lei apresentados pela oposição para debate no parlamento já no próximo mês.
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Os parlamentares vão discutir o projeto de lei do governo em geral em 7 de julho, trazendo para o debate uma série de outros projetos da oposição que querem ir mais longe. Até ontem, 17 propostas foram apresentadas pelo Bloco de Esquerda (BE), PCP, Livre e PAN.
Já no próximo mês, os projetos do PS, que anunciaram em maio a introdução de um subsídio de teletrabalho, assim como os do PSD, Iniciativa Liberal e Chega.
Entretanto, a composição do grupo de trabalho que vai avaliar a proposta do governo começou ontem na Comissão Parlamentar do Trabalho, Segurança Social e Integração. O grupo, cujos membros ainda não foram nomeados, será coordenado pelo deputado socialista Fernando José.
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Se o governo puder contar com a aprovação garantida da maioria absoluta do PS, os demais partidos não desistirão de desenvolver a lei. O BE é actualmente o partido com mais alterações propostas num total de oito. O PCP segue com quatro projetos, o PAN com três e o Livre com dois.
Nas propostas, BE e PCP concordam que insistem no aumento das horas extraordinárias, medida que o governo tomou em negociações de meados de outubro para viabilizar a proposta orçamentária original para 2022, que acabou por ser rejeitada por ambas as partes. Há oito meses, o governo concordou em restabelecer os pagamentos dos valores pré-pagos.troika se as horas extras excederem 120 horas por ano. No final, ela voltou atrás e agora remetia a discussão para um acordo de renda e competitividade com os parceiros sociais, que só deve ser concluído em outubro.
O governo não esclareceu se a proposta terá tempo de chegar ao parlamento e ao menos forçar o debate sobre os ex-parceiros. Querem 50% de horas extras na primeira hora e 75% nas seguintes, com pagamento em dobro nos dias de descanso e feriados. O BE e o PCP pretendem também reintroduzir regimes de descanso compensatório para horas extraordinárias (em 25% das horas extraordinárias trabalhadas).
Ambos os partidos de esquerda concordam também em reintroduzir o princípio do tratamento mais favorável na negociação coletiva, com o PCP a insistir também em revogar as regras que permitem a eliminação progressiva das convenções.
O bloco também quer aumentar os pagamentos por turnos e noturnos, prevendo aumentos de 25% a 30% e 30%, respectivamente, para esses esquemas. Ele quer que o trabalho noturno comece às 20h e que esses esquemas contribuam para a aposentadoria antecipada sem penalidades (um ganho de seis meses por cada ano trabalhado). Faz-se referência aqui à legislação especial e à ideia de que a medida será paga pelos empregadores, dificultando as contribuições previdenciárias.
As propostas do BE incluem ainda a legalização de 25 dias de férias para todos os trabalhadores e o aumento do valor da indemnização por rescisão para um mês de salário por cada ano de trabalho, com a revogação da presunção de que aceitar o pagamento equivale a aceitar o pagamento.
BE e Livre apresentam projetos para uma semana de 35 horas, um “palco” para a semana de quatro dias, conta a festa de Rui Tavares.
facilitar horários
Onde quer que haja convergência na oposição, a intenção é reduzir a jornada dos trabalhadores. A semana de 35 horas é proposta pelo Bloco e Livre. No caso do partido do deputado Rui Tavares, a ideia é defendida como um “passo” para a semana de quatro dias ou 30 horas. O BE acrescenta ainda a obrigação de os empregadores compensarem a redução do horário de trabalho dos novos contratados no prazo de um ano.
O PCP, por outro lado, pretende acabar com o regime de adaptação individual e bancos de horas de grupo ou acordados em regulamentos coletivos que prevejam a proibição da desregulamentação do horário fora do horário normal de trabalho com poucas exceções (protege situações temporárias e devidamente justificadas). .
Ainda há projetos da oposição que querem avançar com a extensão da licença parental prometida pelo governo. O aumento da primeira licença parental de acordo com os planos do executivo depende em grande medida da acumulação com emprego remunerado tempo parcial, o PAN defende 183 dias com acesso ao subsídio e o livre aumenta para 360 dias, independentemente do tempo de trabalho efetivo anterior dos pais. Na licença paterna, o livre adiciona mais 100 dias que podem ser levados aos 28 dias obrigatórios propostos pelo governo.
Os projetos do PAN incluem a extensão das faltas justificadas a dores menstruais deficientes e devidamente comprovadas (três dias por mês) e a proposta de 20 dias de faltas justificadas em caso de luto pela gravidez.