A cápsula Starliner da Boeing atracou na Estação Espacial Internacional (ISS) na sexta-feira (20) após um voo de teste não tripulado visto como crucial para restaurar a reputação da gigante aeroespacial americana após uma série de falhas.
A cápsula foi lançada do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, na noite de sexta-feira. A atracação ocorreu às 21h28, com mais de uma hora de atraso.
Os astronautas a bordo da ISS e a sala de controle em Houston monitoraram de perto a atracação. A cápsula inicialmente se estabilizou a 230 metros da estação. Então, depois de um pequeno empurrão, ele recuou para mostrar que poderia fazê-lo quando necessário. Finalmente, depois de outra parada controlada, ainda que mais longa do que o planejado, a 10 metros da ISS, começou a delicada manobra final. Ela se aproximou lentamente até que fez contato.
“O Starliner conclui com sucesso seu primeiro acoplamento histórico com a Estação Espacial Internacional, abrindo uma nova rota para as tripulações para o laboratório orbital”, disse um comentarista na transmissão ao vivo da Agência Espacial dos EUA (NASA).
A escotilha da cápsula, que transporta 230 quilos de suprimentos para a ISS, não deve ser aberta. Espera-se que o Starliner permaneça ancorado na ISS por cinco dias antes de retornar à Terra para pousar na base White Sands, no deserto do Novo México.
O sucesso da missão é fundamental para restaurar a reputação da Boeing, que foi manchada desde que falhou pela primeira vez em 2019. Naquela época, a tentativa de atracar na ISS não conseguiu atingir seu objetivo e até mesmo a possibilidade de destruir a nave no retorno devido a bugs de software que retratavam a queima excessiva de combustível.
Uma segunda tentativa foi planejada para agosto do ano passado, mas foi adiada pouco antes do lançamento para resolver um problema de válvula e a cápsula teve que ser enviada de volta à fábrica.
A NASA pretende certificar o Starliner como o segundo serviço de “táxi” para astronautas na ISS, um papel que a SpaceX de Elon Musk tem desempenhado desde o sucesso de sua missão de teste da cápsula Dragon em 2020.
Ambas as empresas receberam contratos de valor fixo de US$ 4,2 bilhões para a Boeing e US$ 2,6 bilhões para a SpaceX em 2014, logo após o fim do programa de ônibus espaciais, em um momento em que os Estados Unidos contavam com foguetes russos Soyuz para chegar ao laboratório orbital.
A Boeing, com sua história secular, foi considerada por muitos uma aposta segura contra a praticamente inexperiente SpaceX. Mas a empresa de Musk recentemente enviou sua quarta equipe de rotina para a plataforma de pesquisa, pois os atrasos no desenvolvimento da Boeing custaram à empresa centenas de milhões de dólares.
A única passageira do Starliner é uma boneca chamada Rosie the Rocketeer – um trocadilho com a estrela da campanha de recrutamento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial – cujo trabalho é coletar dados de voo baseados em sensores sobre o que as pessoas deveriam estar experimentando.
“Estamos com um pouco de inveja de Rosie”, disse o astronauta da NASA Mike Fincke, que deve fazer parte da primeira equipe selecionada para uma missão de demonstração bem-sucedida.
A cápsula passará cerca de cinco dias no espaço antes de partir em 25 de maio e retornar à Terra em paraquedas gigantes para pousar no deserto do oeste dos Estados Unidos.
A NASA acredita que é necessário ter um segundo provedor de viagens em órbita baixa da Terra em caso de problemas com a SpaceX.