O sorteio do Catar 2022 foi divertido não só pelo pré-show, mas por esses detalhes da formação dos grupos que nos darão uma Copa do Mundo interessante… pelo menos em termos geopolíticos e de ruptura de tradições.
Portanto, há quatro aspectos que me parecem interessantes, pelo menos à primeira vista, sobre o que nos espera em pouco mais de 200 dias.
A partida de abertura que não será a partida de abertura
Tradicionalmente, a equipe da casa abre sua Copa do Mundo com o jogo de abertura, porém, a primeira partida do Catar 2022 não contará com a equipe da casa.
De acordo com a programação, na segunda-feira, 21 de novembro, às 13h, horário local, o Senegal enfrentará a Holanda. Três horas depois Inglaterra vs. Eles vão e será até as 19h quando o Catar jogar contra o Equador.
Entre 1974 e 2002 a honra de abrir a Copa do Mundo correspondeu ao atual campeão. Desde 1958, o anfitrião ou o campeão disputavam a partida de abertura, tradição que será quebrada neste outono, quase inverno, no Catar.
O calendário apertado de 28 dias, em vez de 31, evitou dar um dia especial apenas para o jogo de abertura, ou para o grupo anfitrião.
Geopolítica e a bola
Para quem tem em mente a história da humanidade e as intrincadas relações geopolíticas entre os países, os Grupos B e E da Copa do Mundo pareciam uma estranha coincidência.
No Grupo B, coincidem a Inglaterra, sua ex-colônia, os Estados Unidos, e o Irã, país com o qual os americanos romperam relações e entraram em guerra na década de 1980. Além disso, ainda há uma cota disponível, que pode ser ocupada por dois países do Reino Unido, País de Gales ou Escócia, ou da agora invadida Ucrânia, protegidos pelos EUA e Inglaterra no conflito contra a Rússia.
Devagar, cérebro? Bem, vamos também ser justos. Nem tudo aqui é conflito histórico. A bola fez iranianos e americanos posarem juntos antes da partida na França 1998, um marco nas Copas do Mundo, enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido são aliados essencialmente geopolíticos hoje.
Mas me deixa curioso, e muito, ver pela primeira vez um jogo Inglaterra vs. Escócia em uma Copa do Mundo, se levarmos em conta que a primeira partida internacional de futebol foi disputada por essas equipes.
Mais da rivalidade entre Inglaterra e Escócia
Sim, é verdade que eles ainda não estão qualificados, mas se chegarem ao Qatar 2022, a Escócia daria ao futebol mundial um presente que parece que ninguém falou ainda.
Em 29 de novembro seria disputado o duelo contra a Inglaterra. Curiosamente, será um dia antes do 150º aniversário do primeiro jogo internacional de futebol da história.
Em 30 de novembro de 1872, pelo menos reconhecido pela FIFA, as seleções da Inglaterra e da Escócia se enfrentaram pela primeira vez, um 0 a 0 muito incomum para a época em Glasgow.
Ainda não se sabe se o País de Gales ou a Ucrânia têm outros planos para essa festa.
E o Grupo E?
Não, não, não esqueci o Grupo E.
Este é infelizmente infame, reunindo dois países aliados da Segunda Guerra Mundial e uma ditadura simultânea recém-criada na Europa.
Esses belos memes que já vimos dos países do Eixo já deram a pista: Alemanha e Japão foram aliados no conflito mais sangrento da humanidade, enquanto na Espanha, embora esse país tenha tido uma participação bastante marginal nesse conflito, o governo de Francisco Franco exibiu uma ida e volta de posições para defender um território em reconstrução após a guerra civil.
Este grupo só precisa da Itália para tomarmos com humor, ou com medo, que a sorte é tão precisa, mas já sabemos que o Azzurra ele será o ausente mais lamentável do Qatar 2022.
Ironicamente, a Costa Rica, um país sem exército, poderia completar aquele grupo que, na geopolítica dos anos 1940, e sem querer que isso fosse uma piada, era o grupo da morte. Felizmente, já passamos desses dias.
Embora não seja mais uma comparação geopolítica, hoje dar uma opinião sobre o presente e o futuro da seleção mexicana é mais arriscado do que dar uma posição política ou religiosa, então vou me limitar a dar dois cenários.
O pessimista: o México enfrenta a melhor seleção argentina em décadas com Lionel Messi no comando, contra a Polônia do atual detentor do troféu The Best, Robert Lewandowski, e será superado nas arquibancadas pelos torcedores do gigante vizinho superprodutor de petróleo do Catar.
O otimista: o México enfrenta a seleção de Gerardo Martino -e que ele já treinou-, a Polônia caiu em todas as primeiras rodadas de seus últimos grandes torneios e, em termos de futebol, não há dúvida de que é superior à Arábia Saudita.
Ambas as versões são válidas. Cada um escolhe sua narrativa, mas a partir de 22 de novembro veremos de que lado a iguana mastiga.
O Campeão do Mundo está armado! Previsão on-line de 4