As áreas de jogo do Estoril e da Figueira da Foz entram finalmente num concurso público internacional. O governo está se preparando para publicar os procedimentos de licitação nas próximas semanas, provavelmente já em junho. As concessões das arcadas do Estoril e Lisboa, operadas pela Estoril Sol, e Figueira da Foz, nas mãos da Amorim Turismo, deveriam ter terminado no final de 2020, mas a pandemia impediu o lançamento de concursos e os seus efeitos nefastos no jogo setor acabou levando o executivo a estender o prazo para 31 de dezembro deste ano. Agora as coisas estão realmente avançando e isso tem que ser feito rapidamente. As atuais concessionárias têm vantagem e precisam apresentar propostas. Há dúvidas de que a competição seja interessante para jogadores internacionais.
amarrado junto
Actualmente, “as peças estão a ser finalizadas para o início dos respectivos processos de concurso”, disse ao DN/Dinheiro Vivo o Ministério da Economia e Mar. O gabinete, liderado por António Costa Silva, disse que o processo deverá ser concluído “com muito curto prazo” e confirmou que “visa selecionar novos concessionários através de concursos públicos”. Tudo indica que as competições duram uma semana. O setor diz que não há espaço para atrasos e que o governo deve fazer o anúncio em junho. “É um prazo muito apertado”, frisa uma fonte ligada ao negócio, lembrando que ainda pode acontecer que um concorrente “levante questões processuais e decida contestar o concurso”, atrasando a adjudicação. Antes da eclosão da pandemia, a então Secretária de Estado do Turismo Ana Mendes Godinho já tinha quase concluído o processo, mas a emergência inesperada da crise sanitária deixou tudo na gaveta.
As regras do jogo estão, por enquanto, no gabinete secreto de António Costa Silva. Sem levantar o véu, anunciou que “as condições constam dos cadernos de encargos e programas dos respetivos procedimentos pré-contratuais, que serão publicados de acordo com as condições previstas no Código dos Contratos Públicos”. Mas o setor não está quieto, até porque os últimos dois anos foram marcados por quedas históricas na receita de jogos, impulsionadas por bloqueios, redução de horas de trabalho e capacidade operacional e ambiente de saúde.
preocupações da indústria
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Uma das preocupações tem a ver com a consideração inicial. Como pergunta uma fonte do setor, o Estado, que detém o monopólio do jogo no país, vai “definir um valor para a concessão ou optar por algum tipo de leilão?”. Neste ponto, os operadores salientam que “os casinos já não são um negócio”. “Nestes dois anos, as receitas dos casinos caíram quase 60% e, por outro lado, o jogo online cresceu mais de 60%.
Outra pedra no sapato das concessionárias é a tributação. Chama-se taxa mínima e baseia-se no pagamento ao Estado de um montante anual que pressupõe um crescimento da receita bruta do jogo de 2% ao ano – no caso dos casinos do Estoril e Lisboa 2,6%. Há muito tempo as concessionárias pedem a revisão desse imposto, inclusive levando o Estado à Justiça pela queda na arrecadação desde o início da crise em 2008, enfim, os impostos são superiores à receita. Com a abertura de um novo concurso, querem ver esclarecida esta questão. Em 2020 e 2021, devido à crise sanitária em atividade, os casinos portugueses ficaram isentos deste pagamento.
O prazo das futuras concessões também é desconhecido. As últimas licitações do estado (a última data de 1999 e diz respeito à área de jogo de Chaves) eram conhecidas com bastante antecedência, permitindo aos concorrentes analisar os requisitos das licitações e compor as suas licitações de forma conveniente. Em 2001, o governo decidiu prorrogar as concessões mais antigas por um período de 15 anos, embora os prazos de exploração ainda não tivessem expirado. Desta vez, o executivo tem que iniciar as licitações, também por obrigações para com a União Européia. O Grupo Estoril Sol já anunciou no relatório e demonstrações financeiras de 2021 que pretende candidatar-se à nova concessão. A vontade da Amorim Turismo é desconhecida, mas é previsível que entre em jogo. As competições também podem despertar a curiosidade de players internacionais, mas dado o desenvolvimento do negócio nos últimos anos, muitas manifestações de interesse não são previsíveis.
2025 é o prazo para a operação dos casinos Póvoa de Varzim (operados pelo Grupo Estoril Sol), Espinho e os três do Algarve (estes últimos concessões ao Grupo Solverde). Os casinos de Tróia e Chaves têm data de término prevista para 31 de dezembro de 2032.
CONTAS
agitar pandemia
No ano passado, os onze casinos a operar em Portugal registaram um decréscimo de 55% nas receitas de jogo face a 2019. Este ano, as receitas atingiram 315,2 milhões de euros, passando para 157,8 milhões em 2020 e 141 em 2021, 7 milhões diminuíram.
longe da recuperação
No primeiro trimestre deste ano, as receitas dos casinos atingiram 53,3 milhões de euros, um aumento de 858% face ao período homólogo de 2021. No entanto, face aos primeiros três meses de 2019, o negócio registou um decréscimo de 28%. Dados mais recentes confirmam que a atividade ainda está longe de se recuperar. Do início de 2022 aos primeiros dias de maio, a folga varia entre 20 e 30% dependendo do arcade, considerando o mesmo período de 2019.