Onda de calor excepcional na Antártida, 38 graus acima do normal

“Parece ter estabelecido um novo recorde mundial para o maior excesso de temperatura já medido em uma estação meteorológica estabelecida”, twittou Robert Rohde, cientista-chefe da Berkeley Earth, na segunda-feira.

Randall Cerveny, professor de geociências da Universidade Estadual do Arizona e repórter de registros extremos da Organização Meteorológica Mundial, disse que esses tipos de registros – quão acima ou abaixo do normal é uma temperatura – não são algo que a OMM rastreia ou verifica. Mas ainda assim, disse ele, essa leitura parece legítima.

“Tudo o que vi pessoalmente da observação do Domo C indica que é uma observação legítima”, disse Cerveny. Menos 11 graus Celsius, embora não seja quente, é inédito para esta parte da Antártida, e 38 graus acima da média é igualmente surpreendente. De acordo com Etienne Kapikian, meteorologista do Meteo-France, o serviço meteorológico francês, a temperatura de Concordia não foi apenas um recorde para o mês de março para a temperatura mais alta, mas um “recorde de todos os tempos” para qualquer mês.

Com mais de 60 anos de dados, esse registro é “sem precedentes na história da climatologia”, segundo uma análise da Meteo-France. Uma combinação única de eventos climáticos teve que ocorrer para que a Mãe Natureza aumentasse o calor na Antártida Oriental naquele dia.

“Definitivamente, uma série muito interessante e incomum de eventos climáticos desencadeou este evento”, disse Cerveny. Havia “o fluxo úmido de um rio atmosférico. E houve também uma intrusão de ar muito quente, raro para esta época do ano, no planalto antártico.

A chegada da umidade prendeu o ar quente e fez as temperaturas dispararem no leste da Antártida.”